segunda-feira

A Noiva que Surpreendeu A Cabeleireira

Era uma vez os anos 80, sobre os quais, ultimamente e por moda, toda a gente tanto fala mas que, de facto, são anos que trazem muitas saudades a quem os viveu, sobretudo na sua juventude. E era uma vez o ano de 1983, ano em que Michael Jackson e os Police lideram o Top musical, ano em que a Microsoft lança o Word que nos ajudaria a todos (fãs do Linux excluidos) a escrever tudo e mais alguma coisa em computador e, principalmente é o ano em que duas mulheres se destacam; a primeira nos Estados Unidos, Sally Ride que a 18 de Junho de 1983 se tornou na primeira mulher Americana a ir ao espaço, a segunda em Setúbal, aqui mesmo em Portugal, Tina é como gosta que a chamem e é no ano de 1983 que, aos 18 anos, se vê noiva e se destaca, para quem a conhece e admira. Com um espírito livre e independente as pessoas mais velhas viam nela a chamada mulher-feita, pelo seu ar de bom senso, pela sua boa educação e, sobretudo pela extraordinária maturidade que mostrava ter, ainda tão nova. Sempre ouvi falar muito nela, não só por ser minha prima, mas por todas as qualidades que lhe atribuiam. No entanto, formei a minha própria opinião e desde criança que, sobretudo, via nela alguém sempre muito à frente do seu tempo. Bonita e elegante, dispensava grandes artifícios ou apetrechos para se fazer notar. Ao longo dos anos sempre soube como se vestir, pentear e maquilhar. Nascera com ela o dom de saber exactamente o que lhe ficava bem, sem dicas ou aconselhamentos de espécie alguma. Cresci a admirar isso nela. Casou com um vestido fantástico para a altura, sem os rendelhados do costume ou as típicas mangas de balão. O vestido fluia nela e ela nele. E o chapéu retro a lembrar os elegantes chapéus com véu birdcage dos anos 40, era lindíssimo! Contou-me um episódio que não posso deixar de partilhar; marcou cabeleireira e quando, o tradicional seria aparecer com a mãe, madrinha ou amigas, surpreendeu a senhora, ao aparecer sozinha, com um ar de quem ia para a praia, disse-me. Pode pentear. Vou casar daqui a pouco. A cabeleireira penteou-a, estranhou mas não entranhou, apenas penteou, desconfiada daquela rapariga que aparecia ali sozinha, com 18 anos, dizendo que ia casar daqui a pouco. E a minha prima, bem... diz que por tudo e por nada... nem sabe... nunca mais lá regressou. Seguiu em frente, os 18 anos passaram, mas... aquela frescura, aquela forma de estar, juro que continuam nela e na minha admiração.
Foto: Ludgero